quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O PAPEL DAS FLORESTAS NAS MUDANÇAS AMBIENTAIS GLOBAIS

O desenvolvimento tecnológico do homem nos últimos séculos foi baseado principalmente no uso de energia de combustíveis derivados do petróleo e carvão mineral. Estes combustíveis foram formados pela acumulação de matéria orgânica por longos períodos geológicos (da ordem de milhões de anos) que o transformaram em uma "sopa" de moléculas orgânicas ricas em energia. Ao serem utilizados, emitem carbono sob a forma de gás carbônico, que se acumula na atmosfera.

O acúmulo de gás carbônico na atmosfera provoca o aquecimento da superficie da terra, fenômeno esse conhecido como efeito estufa. Outros processos intermediados pelo homem também contribuem com emissões de gás carbônico e outros gases de efeito estufa para a atmosfera. Entre eles, o uso da terra, determinados processos industriais e o tratamento de efluentes e resíduos são as fontes de emissão de carbono para a atmosfera.

O uso da terra provoca o desmatamento pela substituição das florestas por áreas produtivas com o consumo ou queima da madeira existente na floresta. Essa madeira é feita principalmente de carbono que depois de seu uso ou sua queima vai para a atmosfera. Alguns processos industriais, como a produção de cimento e papel, também emitem carbono para a atmosfera, aumentando o efeito estufa. O tratamento de efluentes e resíduos também contribuem para o aumento da concentração de carbono na atmosfera, seja por emissoes de gás carbônico nas estações de tratamento ou pela emissão de metano nos lixões e aterros sanitários.

Esses processos mediados pelo homem vem provocando mudanças significativas na composição química dos gases da atmosfera que podem estar comprometendo a vida na terra. Esse processo é chamado de Mudanças Ambientais Globais.

Por isso, quando falamos de Mudanças Ambientais Globais, a primeira coisa que nos vem à cabeça são as emissões de gás carbônico que são despejadas na atmosfera todos os dias pela queima de combustíveis fósseis. Sabe-se que as principais fontes deste gás (que por conseguir reter calor, ajuda a aumentar o Efeito Estufa) são a queima de combustíveis fósseis, as queimadas em florestas e os desmatamentos que tem ocorrido desenfreadamente em todo planeta.

Como diminuir o Efeito Estufa e as Mudanças Ambientais Globais?

Uma das únicas maneiras de se retirar o carbono acumulado na atmosfera é a fotossíntese que através da energia do sol, gás carbônico e água, as plantas produzem biomassa sob a forma de madeira (celulose) ou açúcares (carbohidratos).

Parte dos carboidratos ela utiliza em sua alimentação, e a outra parte ela estoca na madeira, galhos, folhas e raízes. Além dessa biomassa das árvores (que denominamos de Biomassa Viva Acima do Solo), a floresta também tem outros reservatórios de carbono como por exemplo: o solo, a serrapilheira (formada pela queda de galhos, folhas e até troncos inteiros que ainda não foram decompostos, mas que lentamente vão ser processados pelos organismos do solo) e a biomassa das raízes.

Por isso é que as florestas funcionam como um "sumidouro de carbono", ou seja, através da fotossíntese, a planta retira CO da atmosfera, nutrientes orgânicos do solo e da água, transformando-os em biomassa, que por sua vez ficam estocadas nas florestas e seus solos.

Dessa forma, quando se queima uma área de floresta, estamos liberando para atmosfera o que esta floresta levou centenas a milhares de anos para incorporar.

De forma inversa, os reflorestamentos contribuem para a retirada de carbono da atmosfera, que através da fotossíntese aumentam sua biomassa, estocando carbono na sua maderia. Além desta incorporação de carbono, as florestas exercem grandes e valiosos serviços sociais para a humanidade. Por isso, considera-se que as florestas em regeneração são medidas que contribuem para a redução do efeito estufa.

Os esforços mundiais para o combate às Mudanças Ambientais Globais

Com as evidências das Mudanças Ambientais Globais, houve a necessidade de se reduzirem as emissões e estimular o sequestro do carbono atmosférico. Para isso foi proposto o Protocolo de Quioto, um mecansimo internacional que já entrou em vigor e com isso poderá auxiliar a humanidade a enfrentar o desafio das Mudanças Globais. Dentro desta perspectiva há necessidade de se desenvolver novos métodos de estimativa da capacidade de estoque de carbono em florestas. Essa quantificação é feita através de métodos de avaliação de biomassa em florestas, que pode ser feita através de métodos destrutivos ou não destrutivos.

Elaborado por Kenny Tanizaki* e Clarissa Lucena**
* - Biólogo do LARAMG - Laboratório de Radioecologia e Mudanças Globais/UERJ.
** - Estagiária do LARAMG - Laboratório de Radioecologia e Mudanças Globais/UERJ - Bolsista FAPERJ.

Apoio FAPERJ

Fonte: SOS Mata Atlantica

2010 ANO DA BIODIVERSIDADE

Por Isadora de Afrodite

A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) declarou que 2010 é o ano da biodiversidade. No atual contexto, em que um número crescente de espécies estão ameaçadas de extinção pela perda de habitat, pela caça e pelas mudanças climáticas, os esforços de conservação são cada vez mais urgentes e necessários. E o Brasil é o primeiro país em biodiversidade do mundo.

O tema da biodiversidade ganha destaque no cenário internacional devido à décima Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica (COP-10/CDB), marcada para acontecer em Nagoya, Japão, em dezembro deste ano.

As expectativas em torno da décima edição da COP estão altas, porque durante a conferência será avaliada a execução do plano estratégico da CDB – ou seja, será discutido se o mundo conseguiu cumprir a meta de reduzir a perda de biodiversidade.

Também será avaliada a parte relacionada a unidades de conservação (UCs) terrestres do Programa de Trabalho sobre Áreas Protegidas da CDB, o que depende da apresentação, por cada país signatário, de avaliações sobre seus sistemas de UCs.

Há muita expectativa também de que sejam tomadas decisões concretas sobre um tema até hoje pouco desenvolvido pelos países que integram a CDB: a repartição de benefícios provenientes da diversidade biológica.

Objetivos da CDB

A conservação da biodiversidade, o uso sustentável de seus componentes e a distribuição equitativa e justa dos benefícios advindos da utilização dos recursos genéticos são as três metas estabelecidas pela CDB para os países signatários. No caso brasileiro, o cumprimento de tais metas está diretamente relacionado ao combate ao desmatamento.

Por essa razão, o WWF-Brasil propõe que sejam investidos esforços e recursos, governamentais e não-governamentais, para reduzir o desmatamento a zero em todo o Brasil até 2015.

“A conservação da diversidade biológica é um dos temas de maior destaque do ano, e os olhos do mundo certamente se voltarão para o Brasil. Temos a sorte de abrigar em nosso território uma imensa riqueza biológica, mas temos também a responsabilidade de cuidar de sua preservação e sobrevivência”, afirma Cláudio Maretti, superintendente de conservação do WWF-Brasil.

Conheça o que o WWF-Brasil faz para proteger a Amazônia, a Mata Atlântica e o Pantanal.

Espécies brasileiras ameaçadas

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, há cerca de 400 espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção. Dessas, sete são consideradas já extintas, como é o caso da arara-azul-pequena, que era encontrada em toda a Região Sul e no Mato Grosso do Sul. A lista de espécies da flora ameaçadas de extinção é ainda maior.

A extinção de espécies é um fenômeno natural que, normalmente, leva milhares ou até milhões de anos para ocorrer. No entanto, a ação humana vem acelerando esse processo, o que coloca os humanos na posição de principal agente da extinção de espécies.

Atualmente, as principais causas de extinção são a degradação e a fragmentação de ambientes naturais, causadas pela expansão urbana, agricultura, pecuária, poluição e incêndios. Esses fatores reduzem o habitat das espécies e provocam o isolamento de suas populações, com diminuição do fluxo gênico e aumento do risco de extinção.

Algumas das espécies-símbolo da riqueza biológica do Brasil estão sofrendo com nossas ações. A onça-pintada, a onça-parda, o gato-maracajá são exemplos de felinos que correm o risco de desaparecer de nosso território. Macaco-aranha, mico-leão-da-cara-preta, mico-leão-dourado e várias espécies de sagui também.

Nos ares, o risco de extinção recai sobre a arara-azul, a ararinha-azul, o gavião-cinza e algumas espécies papagaio, entre muitos outros. Há 55 espécies diferentes de borboletas na lista de ameaçadas. No cerrado, o lobo-guará é o símbolo das consequências da devastação. Nas águas, a baleia-franca, a baleia-jubarte e o peixe-boi são vítimas de caçadores.

Entre as plantas, estão desaparecendo algumas espécies de bromélias, o pau-rosa e o pinheiro-do-Paraná, também conhecido como araucária. Sucupira, aroeira, jequitibá, imbuia, angelim, mogno, cerejeira e outras árvores também já são difíceis de serem encontradas.

Espécies ameaçadas no mundo

Todos os anos, o WWF-Estados Unidos divulga a lista dos 10 animais mais ameaçados do planeta. Este ano, a lista inclui cinco animais que estão sendo diretamente afetados pelo aquecimento global: o tigre, o urso polar, a morsa do Pacífico, o pinguim de Magellanic e a tartaruga-gigante.

Além dessas cinco espécies, também estão ameaçados o atum-bluefin, o gorila-das-montanhas, a borboleta-imperial, o panda e o rinoceronte-de-Java, cuja população está reduzida a apenas 60 indivíduos.
Chama a atenção o fato de que, entre os 10 animais mais ameaçados de extinção, encontram-se alguns dos mais belos e impressionantes do mundo. No Ano da Biodiversidade, o perigo de extinção dessas criaturas deve servir como apelo para que governos, ONGs e a sociedade em geral ampliem os esforços de conservação da diversidade biológica.

Fonte: WWF Brasil